O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central iniciou sua última reunião do ano sob grande expectativa do mercado, que prevê uma nova alta na taxa Selic. A estimativa predominante é de um aumento de 0,75 ponto percentual, elevando a taxa básica de juros para 12% ao ano. Entretanto, há apostas de que o ajuste pode ser ainda mais agressivo, chegando a 1 ponto percentual. Essa reunião também marca o encerramento da gestão de Roberto Campos Neto, que deixará a presidência do Banco Central em 31 de dezembro, com Gabriel Galípolo assumindo o comando a partir de janeiro.
As mudanças no quadro de diretores do Banco Central também chamam atenção, com Otávio Damaso e Carolina de Assis Barros participando pela última vez como membros do Copom. O cenário político-econômico que cerca essa transição é complexo, especialmente após os efeitos negativos do pacote fiscal apresentado pelo governo, que gerou receios no mercado e contribuiu para a valorização do dólar. Desde a última reunião, o câmbio refletiu essa instabilidade, enquanto as expectativas de inflação para os próximos anos subiram consideravelmente.
O Relatório Focus mais recente aponta que a mediana para a inflação em 2026 avançou de 3,86% para 4,16%, reforçando a percepção de que o controle dos preços pode demandar uma política monetária mais restritiva. Apesar disso, a economia mostrou sinais de resistência, com um crescimento de 0,9% do PIB no terceiro trimestre e a manutenção da taxa de desemprego em 6,2%. Esse equilíbrio entre resiliência econômica e desafios fiscais e inflacionários influencia as decisões do colegiado.
As previsões para o aumento da Selic continuam dividindo opiniões. Enquanto analistas de instituições como Itaú Unibanco e BTG Pactual apostam em um ajuste de 1 ponto percentual, outros, como Santander, Goldman Sachs e Citi, mantêm a projeção de 0,75 ponto. A inflação acumulada em 12 meses também registrou leve alta, de 4,76% para 4,87%, reforçando o argumento de quem acredita na necessidade de um movimento mais incisivo por parte do Copom.
O desfecho dessa reunião será crucial para definir os rumos da política monetária em 2024, em meio a um contexto de transição de lideranças e desafios fiscais. A decisão sobre os juros, esperada com grande ansiedade, terá impacto direto nas expectativas do mercado e nos próximos passos do Banco Central sob a nova direção, marcando o início de uma nova fase para a economia brasileira.
